Vernissage Brasília 2009: Você tem galeria e mexe com arte há mais de 20 anos. Me conte um pouco da sua trajetória e sua relação com o mundo das artes.
Celina Ribeiro: A coisa começou muito por acaso. Eu escrevia pra um jornal na cidade de Santos que era distribuído aos domingos. Eu fazia toda a parte de arte, entretenimento, cinema, teatro. Fazia muitas entrevistas com os artistas nas exposições de arte. Acabei me apaixonando pela arte. Fui morar em São Paulo e trabalhar na assessoria da Caixa Econômica. Escrevia para o jornalzinho interno e fazia entrevistas com os artistas que expunham em algumas agências da Caixa. Quando mudei para Brasília, resolvi abrir uma galeria de arte. Eu era autodidata, estudava arte, lia muito sobre o assunto, e era uma paixão. Era uma coisa que me fazia muito bem e continua fazendo muito bem até hoje. Me dá muita alegria, muita esperança de um mundo melhor.
VB09: Brasília, mesmo sendo uma cidade jovem, já produz boa arte?
CR: Há talentos incríveis, a arte evoluiu de uma maneira muito rápida nesses 20 anos. Existe uma identidade dos artistas de Brasília. É uma coisa mais terra, mais rústica, cores quentes. Você reconhece a obra, a cidade já tem uma linguagem própria na arte. É uma coisa inconsciente que está nas pessoas, nos artistas.
VB09: Em uma entrevista, você disse que para viver de arte é preciso estudar. Por quê?
CR: A arte pode existir como um dom natural que a pessoa tem, mas a grande maioria precisa dar um alimento a esse dom, porque se ele não for alimentado, pode estagnar. Não há necessidade de ser um estudo sistemático. Se você não tem pendor para estudar os expressionistas, por que não estuda os impressionistas? Não há necessidade de estudar a fundo toda a arte, você pode se dirigir para aquela que goste mais. Mas, para isso, é preciso conhecer. Quanto mais você educa seu olhar, vai mudando seus parâmetros, seus gostos, vai se refinando.
VB09: Qual a importância de uma galeria como a sua no cenário artístico de Brasília?
CR: Eu tenho uma galeria de médio porte. Não tenho nenhuma pretensão de mostrar uma arte elitista, meu papel não é esse. Minha função é escolher arte de qualidade, de todos os padrões, do contemporâneo ao clássico, um impressionista... Eu absorvo tudo, desde que tenha um padrão mínimo de qualidade. Não importa se o artista tem formação acadêmica ou se não tem, importa a qualidade da obra.
VB09: Como você avalia o interesse por arte em Brasília?
CR: Há 20 anos atrás, quando comecei, as pessoas me pediam muito para combinar (as obras) com o que tinham em casa, eu ficava até meio brava com isso. Mas eu percebo que o brasileiro não tem culpa disso, porque a nossa formação não é essa de ir a museus, freqüentar galerias, estudar artes. De uns tempos pra cá, isso mudou radicalmente. Hoje em dia, as pessoas já sabem o que é arte. Você não vai tirar um Picasso da parede porque ele não é da cor do seu sofá. É melhor tirar o sofá e deixar o Picasso reinar sozinho, porque o sofá é feito em série, não é uma coisa artística, e aquela obra de arte é única.
VB09: Qual a relação da Art&Art Galeria com o Vernissage Brasília 2009?
CR: A Lorena (Ferraz, organizadora do evento) nos procurou para que a gente a ajudasse com o Vernissage. Nós vimos a relação de artistas e acrescentamos alguns à lista dela, que achamos que daria uma representação muito boa. É uma iniciativa muito interessante. Ela é uma menina nova que tem um talento incrível para eventos, que esta fazendo tudo muito profissionalizado, a gente só pode apoiar e aplaudir.
CR: A Lorena (Ferraz, organizadora do evento) nos procurou para que a gente a ajudasse com o Vernissage. Nós vimos a relação de artistas e acrescentamos alguns à lista dela, que achamos que daria uma representação muito boa. É uma iniciativa muito interessante. Ela é uma menina nova que tem um talento incrível para eventos, que esta fazendo tudo muito profissionalizado, a gente só pode apoiar e aplaudir.
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