Entrevista com Flavita Boeckel, presidente da Associação Candanga de Artistas Visuais (ACAV)
Vernissage Brasília 2009: Depois de toda sua formação artística musical, você enveredou para as artes pictóricas. Por quê?
Flavita Obino: Depois que a mamãe morreu, ficou muito difícil para mim voltar a tocar (Flavita é filha da pianista Nise Obino). Até vendi o piano. A música, de todas as artes, é a mais completa. Para não me afastar completamente das artes, comecei a pintar.
VB09: Você já morou, por vários anos, na Europa e nos EUA. Como essas experiências te influenciaram?
FO: Morar no exterior dá uma visão muito boa, abre sua cabeça. Sempre digo para os meus filhos que a geografia e historia a gente aprende melhor viajando. A gente estudava várias línguas, para poder nos comunicar melhor. Nós íamos a museus, freqüentávamos vários locais onde realmente se vive a arte, ateliês de artistas. Era muito bom.
VB09: Você, como uma artista renomada, acha que é difícil viver de arte?
FO: Muito. Conheço uns poucos casos, como Glênio Bianchetti, o Lourenço de Bem, que vive da arte e das aulas que dá, o Omar Franco, o Darlan Rosa. Eu tenho meu salário de aposentada.
VB09: Quem faz parte da ACAV atualmente?
FO: Nós temos agora 115 artistas, em 2 meses de existência. Há um rigor muito grande na aceitação dos que vão se filiar. Senti a repercussão do movimento por parte dos formandos da UnB. Então, eu disse: “Vamos juntar forças, porque vocês têm o sangue jovem, a arte contemporânea mais latente, e nós somos a turma velha. Vamos unir forças, nossa experiência com a juventude de vocês e vamos lutar contra o inconformismo, contra a injustiça, contra o preconceito.” A nossa associação está florescendo. Já fomos a várias exposições aqui, em São Paulo e outros estados.
VB09: Qual a missão da Associação?
FO: A ACAV tem a missão de tomar conhecimento de tudo o que esta acontecendo, de participar. Já temos CNPJ, que permite que partamos p a organização de uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Fiz questão de botar no estatuto coisa típicas dos Direitos Humanos, a questão ambiental, sustentabilidade. Nós orientamos os artistas a não usarem materiais tóxicos, porque se eles usam e ensinam os alunos a usar, estão espalhando uma coisa que deve ser substituída.
VB09: A ACAV tem de lutar por mais investimentos em arte?
FO: Sempre que há alguma reunião na FUNARTE, estamos presentes exigindo investimentos. Por que investir milhares de reais para uma pessoa quando esse dinheiro pode ser destinado a vários projetos? Prestígio político?Não se justifica.
VB09: Qual a relação da ACAV com o Vernissage Brasília 2009?
FO: A Paula Marques e a Lorena Ferraz (organizadoras e curadoras do evento) entraram em contato com a gente para que indicássemos e selecionássemos um grupo de artistas que em interesse na comercialização das suas obras. Ninguém vive se não tiver um retorno, naturalmente, mas há um outro lado, que nós temos que estimular acima de tudo, que é a arte pela arte.
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